Caiado e Marconi fizeram o dever de casa no marketing e na política

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) fizeram o dever de casa no marketing e na arquitetura política e lideram com boa vantagem a pesquisa Serpes divulgada pelo jornal O Popular. Eles comprovam o que, na lida política, é uma máxima: não há política sem marketing, nem marketing sem política.

Ronaldo Caiado é desde sempre um político mais candidato do que mandatário. No governo, continuou e continua mais no palanque do que no gabinete. A fórmula deu certo. Agora, no poder, fez o básico: juntou um grande número de partidos na sua coligação.

Principalmente, buscou o MDB, que é quase do tamanho de um governo em estrutura nos 246 municípios de Goiás. Caiado cisca pra dentro, e mostra disposição de jovem buscando o poder. Simples: ele tem o governo, tem centenas de candidatos a deputado federal e estadual a seu dispor, tem o emedebismo, tem tempo de TV e tem grupos avulsos (igrejas, em especial) de militância espalhados por todo o Estado.

Marconi jogou tudo na melhora de sua imagem, durante a pré-campanha, e saiu da condição de nome rejeitado pela população e pelo meio político a candidato que larga na liderança da pesquisa que mais repercute no Estado. Fez isso contando com estrutura de apoios que traz de volta seu capital político, que andava abalado desde sua derrota para o mesmo Senado, em 2018.

Gustavo Mendanha (Patriota) apostou na proximidade com Bolsonaro e na fé em que o povo de Goiás não quer mais Caiado nem Marconi. Na prática: faz discurso bolsonarista, mas é renegado pelos bolsonaristas e perdeu aliados para Caiado e Marconi.

Sem constituir musculatura partidária, Gustavo virou candidato da fé. Fé como escolhido de Deus, fé em Bolsonaro, fé no povo, fé na sua imagem. Em 2014, um candidato a governador também apostou nisso. Se a fé não pode falhar, naquele tempo falhou. Não adianta ter fé e não fazer a sua parte.

Não fosse agora o PROS, que quase foi para Caiado, Gustavo estaria com tempo de TV, que ficou pequeno, menor ainda, e provavelmente com dificuldade para justificar gastos de campanha dentro da lei. Resumo: Gustavo ficou com militância reduzida no interior, onde é pouco conhecido, e em Aparecida, onde viu seu grupo esfarinhar-se, puxando as bandeiras Caiado governador e Marconi senador.

Major Vitor Hugo (PL) nunca foi um político genuinamente goiano, e virou candidato de Bolsonaro, para Bolsonaro, apostando todas as fichas em Bolsonaro, mas não atrai nem os bolsominion em peso, já que Caiado também atrai parte desse eleitorado, o de direita mais que bolsonarista.

Wolmir Amado (PT). É o bom companheiro. Se chegar a 10 pontos, marca considerada possível para candidatos petistas no Estado, terá cumprido seu papel. Tem lastro político, o do PT, mas não a velha e aguerrida militância petista ao seu lado. Marketing? Ser Lula.

Os números da pesquisa mostram que os outros candidatos a governador estão no jogo, porém não jogam para ganhar. Não têm nem marketing, nem amarração política para tanto. No Senado, há um nome só, também segundo o Serpes, que joga com chances: Delegado Waldir (União Brasil). Uma incógnita. Popular na saída, será votado na chegada?

Pode-se dizer que Delegado tem nome, popularidade nas redes. Já o marketing que o fez não tem raiz, tem bolha. Grupo político, ou lastro de apoiadores, é quase inexistente. Os demais nomes, ou tem muito dinheiro ou tem muita disposição. Mas o marketing é amador, e o suporte político instável, porque assentado em políticos, na prática, amarrados com Caiado e Marconi.

A desistência de Marconi Perillo em ser candidato a governador liberou os seus aliados a fecharem com Caiado, o que já queriam. Ato contínuo, esses apoios e o fato de o tucano não bater de frente com ele (ponto resolvido na pré-campanha pelo marketing) e não disputar mandato diretamente com ele, justificam uma aliança informal entre os dois. Nem precisa ser afirmada, e muito menos é negada. Por telefone e com boa conversa, tudo se resolve.

Marketing político é fundamental em uma campanha, mas não é tudo. Vale o mesmo para uma boa aliança política perdida numa comunicação falha, ou até perdida no rumo. Em 2014, Iris Rezende tinha o MDB e mais um leque considerável de apoios, bom articulador que sempre foi. Mas o marketing de sua campanha, o marketing… quem viu, sabe por que aconteceu o que aconteceu.

A política goiana está zerando uma era com Caiado e com o fim de um ciclo para Marconi. O tucano, se vencer, volta ao jogo, em outro, quem sabe, ciclo. Caiado, ganhando, apaga a luz, pois mesmo que busque o Senado ou uma sonhada candidatura a presidente, estará mais para despedida do que recomeço. Quem se estabelecerá no jogo daí em diante é o próximo assunto. A pauta em aberto.

E olha a ironia do destino. Marconi é emedebista na origem, filho político de Henrique Santillo, sucessor de Iris Rezende. Foi eleito governador pela primeira vez, em 1998, derrotando Iris, Maguito Vilela e 16 anos do MDB no governo. E fez isso com militância ativa de Caiado, até ali adversário histórico de Iris e MDB. A união durou pouco. Dois anos depois, Caiado e Marconi romperam de forma estrondosa. Viraram adversários figadais. Agora, veem seus caminhos se cruzarem numa conjugação fortuita de interesses privados e eleitorais que os faz mais parceiros do que combatentes. E quem está de coadjuvante na história? O MDB de Daniel Vilela, filho de Maguito e escolhido vice do atual governador, numa costura estimulada por Iris como um dos últimos atos de sua vida política.

A eleição não está decidida, claro. Neste caso, um pingo é letra.

Fonte: Goiás Notícia

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