Terreno abrigava 86 árvores de 15 diferentes espécies. Denúncia foi feita pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu explicações à Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (Amma) sobre a derrubada de 86 árvores em um terreno de aproximadamente 5 mil m² para a construção de uma obra no Setor Marista, em Goiânia.
Entre os questionamentos da promotora de Justiça Alice de Almeida Freire, estão: a proximidade da obra que será construída da nascente do Córrego Buriti, situado no Setor Sul; se o corte de árvores no local foi autorizado; se foi expedida licença ambiental para a obra; e se foram apresentados estudo e relatório de impacto ambiental, assim como as medidas compensatórias fixadas.
Em nota, a Amma informou que a autorização concedida para a obra estabelece que a nascente que dá origem ao córrego deve ser preservada, que os empreendedores do terreno em questão apresentaram solicitação para o corte das árvores e que, por se tratar de área privada e amparada pela lei, coube à prefeitura apenas estabelecer a compensação ambiental devida, com a doação de 3.040 mudas de árvores nativas do cerrado (nota na íntegra ao fim do texto).
Em nota enviada ao Jornal O Popular, a construtora responsável pelo terreno informou que na área não há qualquer nascente e que não houve desmatamento, uma vez que na área não existia vegetação nativa (nota na íntegra ao fim do texto).
De acordo com o MP, é necessário saber se o empreendimento está de acordo com o projeto aprovado e a licença ambiental eventualmente emitida. Assim, a promotora também pediu à Amma um relatório sobre localização das nascentes do Córrego Buriti em um prazo de dez dias.
No questionamento, o MP encaminhou à Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) um pedido de informação sobre estudo e relatório de impacto de vizinhança para a obra. Além disso, perguntou se no momento da expedição do uso do solo, a pasta considerou a existência de nascente no imóvel.
Denúncia
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) foi o órgão responsável pela denúncia ao Ministério Público sobre a derrubada das árvores. O fato denunciado é a supressão de vegetação em área de recarga das nascentes do córrego dos Buritis.
“O terreno de aproximadamente cinco mil metros quadrados pertencia à União e foi leiloado pelo governo federal no ano passado. A Prefeitura de Goiânia concedeu ao comprador, em 2022, informação de uso do solo permitindo executar uma obra, o que viola a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/1998). Segundo a lei, por se tratar de região de nascentes, o terreno está em Área de Preservação Permanente (APP)”, informou o órgão.
Conforme o CAU, em vigor desde setembro do ano passado, o Plano Diretor não considera o local como Área de Preservação Permanente, e sim como Área de Ocupação Sustentável (AOS), onde podem ser edificadas construções de até 12 metros de altura.
“Com a autorização emitida pela Prefeitura, os já tradicionais problemas de drenagem em Goiânia tendem a se agravar ainda mais”, completou.
Nota da construtora
“Segundo a Agência Municipal de Meio Ambiente, AMMA, a área não é considerada como local da nascente do Córrego dos Buritis. Mas sim, existe uma nascente, mas esta está a uma distância de mais de 300 metros da área em questão, portanto, fica fora do local adquirido pelo Grupo empreendedor, conforme sinalizado na imagem em anexo”.
O Grupo IS Marista ainda informou que não houve desmatamento, uma vez que na área não existia vegetação nativa. “Foram suprimidas 86 árvores que foram autorizadas e que constam do parecer da Agência Municipal de Meio Ambiente, AMMA. São espécies que não pertencem à vegetação nativa e muitas apresentavam risco de queda como mungubas e mangueiras”, esclareceu em nota.
Nota da Amma
A propósito da reportagem publicada pelo jornal O Popular, nesta quinta-feira (23/02), com os títulos “Área verde cede lugar a centro comercial” (capa) e “Derrubada em área na 136, no Marista, pode ampliar alagamentos” (página 11), a Prefeitura de Goiânia, por meio da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) informa o que se segue:
– A autorização concedida para a área localizada na Rua 132 com a Avenida 136 e a Rua 148, no Setor Sul, estabelece que a nascente que dá origem ao Córrego dos Buritis deve ser preservada em um raio de 100 metros.
– Os empreendedores do terreno em questão apresentaram solicitação para o corte das árvores do local acompanhado de parecer técnico assinado por engenheiro florestal habilitado.
– Por se tratar de área privada e amparada pela lei, coube à Prefeitura de Goiânia, por meio da Amma, apenas estabelecer a compensação ambiental devida com base na instrução normativa n° 070, de 27 de maio de 2020, levando em consideração as espécies que estavam no local.
– A Amma informa que a compensação ambiental, já paga, ficou estabelecida em doação de 3.040 mudas de árvores nativas do cerrado que serão utilizadas em reflorestamento de áreas degradadas na capital.
– Cabe ainda ressaltar que a única autorização concedida foi para remoção de árvores. No momento em que a proprietária apresentar o projeto para construção, ele será analisado diante da legislação vigente, e será concedida ou não a licença ambiental.
– A Prefeitura de Goiânia esclarece que a proteção ao meio ambiente é um dos principais valores da gestão do prefeito Rogério Cruz.
– Em dois anos, foram plantadas 292 mil mudas de árvores.
– Em 2022, há um recorde, com o plantio de 199.591 mudas. Em 2021, foram 92.088. A meta do prefeito Rogério Cruz é chegar a 1 milhão de árvores até o final da gestão.
– Nos últimos dois anos, foram desenvolvidos importantes projetos que visam a recuperação de áreas degradadas, como o ArborizaGyn, que quebrou recorde ao plantar 50 mil mudas nativas em apenas 30 minutos. Há outras iniciativas, como o estudo que visa possibilitar a troca da frota do município por carros elétricos.
– O programa Goiânia Adiante prevê investimentos de cerca de R$ 80 milhões em obras de drenagem, e inclui a região da Alameda dos Buritis, onde está localizada a área que recebeu autorização para o corte das árvores, o que mitiga o efeito das chuvas na região.
Fonte: G1 Goiás