Imperatriz Leopoldinense é campeã no Rio de Janeiro após jejum de duas décadas

Escola do carnavalesco Leandro Vieira liderou toda a apuração. Viradouro foi vice-campeã

Venceu o esmero em cada detalhe. Com 269,8 pontos, a Imperatriz Leopoldinense conquistou o título do carnaval carioca depois de 22 anos. No primeiro desfile do carnavalesco Leandro Vieira pela escola no Grupo Especial, foi uma apresentação de gala para contar, em forma de literatura de cordel, um delirante destino pós-morte de Lampião. Depois de amargar um rebaixamento em 2019 para a Série Ouro, a agremiação venceu a segunda divisão já no ano seguinte, com uma apresentação assinada pelo próprio Leandro Vieira, e começou uma meteórica reestruturação. Em seu segundo ano de volta à elite, garantiu o nono campeonato de sua história.

O vice-campeonato ficou com a Unidos do Viradouro, com a Vila Isabel em terceiro lugar. Beija-Flor de Nilópolis, Mangueira e Grande Rio completam a lista de escolas que retornam ao sábado das Campeãs.

O título do enredo da Imperatriz, “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida” já resumia a história que a escola contou na Avenida. Ao defender que Virgulino Ferreira não era herói nem vilão, narrou a ida desse personagem mítico ao inferno, onde não foi recebido, e também ao céu, onde tampouco teve abrigo. Na fábula leopoldinense, Lampião acaba vagando pelos cantos do sertão e se perpetuando no imaginário do Brasil e, sobretudo, do Nordeste do país.

Na bateria, os ritmistas levaram instrumentos como triângulo e zabumba. À frente dos ritmistas, Maria Mariá, cria do Complexo do Alemão, estreou como rainha. A comissão de frente tinha um teatro de mamulengos. Nas alegorias e adereços, a fácil leitura do enredo proposto por Leandro Vieira garantiu um desfile que encantou o público.

O primeiro quesito a ter as notas reveladas foi harmonia, apenas o Salgueiro recebeu nota 10 dos quatro jurados. Mas, com os descartes das notas mais baixas, terminou o quesito empatada com Grande Rio, Mangueira, Vila Isabel e Imperatriz. O segundo quesito, enredo, mudou o cenário, com notas baixas para a vermelho e branco da Tijuca e um décimo perdido para a Vila, enquanto as outras três concorrentes se mantiveram no topo. Nada mudou na leitura das notas de bateria.

Em alegorias e adereços que o caminho para o título começa a afunilar. Mangueira e Grande Rio não gabaritaram, enquanto a Imperatriz teve apenas notas 10, isolando-se na liderança, abrindo três décimos à frente da segunda colocada àquela altura, a Viradouro. Em fantasias, a verde e branco teve um 9,9, que foi descartado. O quesito em que a escola, de fato, deixou escapar um décimo foi comissão de frente. Mas não perdia mais o título.

A vitória também é mais uma confirmação de uma era Leandro Vieira no carnaval carioca. O artista, que estreou em 2015, na Caprichosos de Pilares, já foi cinco vezes campeão, juntando os títulos do Grupo Especial e da Série Ouro. Na Mangueira, escola onde brilhou primeiro, foi campeão em 2016 e em 2019. Já na divisão de acesso, além do título com a Imperatriz em 2020, ele venceu ainda em 2022, com o Império Serrano. Em todos os campeonatos, uma marca em comum: a brasilidade em destaque.

Festa na quadra

Na quadra da Imperatriz, a comunidade cantava “a campeã voltou”, ao som estrondoso da bateria de Mestre Lolo. Enquanto os componentes entoavam o samba, que teve nota máxima dos jurados. Integrante da escola, Benjamin Juan completa 22 anos nesta Quarta-Feira de Cinzas e comemora duas vezes a festa na Imperatriz.

– Eu sou mineiro, vim para o Rio de Janeiro e me encantei com a imperatriz pelo Nordeste, fui convidado para vir na ala coreografada, a terceira, depois dos cactos. A imperatriz é minha vida, eu ganhei a vida quando a imperatriz ganhando e estou comemorando a vida com a imperatriz ganhando – conta o ator e dançarino.

— O grito de “campeã”, que está engasgado há 22 anos na garganta. Todo mundo viu o desfile que a gente fez, foi impecável. Há muito tempo eu não via um desfile assim. A Imperatriz merece — contou Wesley Rabisca, diretor de passistas da Imperatriz.

Antes do carnaval, a escola se viu envolvida em uma polêmica com a youtuber Antonia Fontenelle. Durante a posse do presidente Lula, em 1º de janeiro, a influencer comparou o figurino da primeira-dama, Janja, com os da velha guarda da Imperatriz, para criticar a roupa usada por ela na cerimônia em Brasília. A declaração gerou revolta na escola, e Janja chegou a ser convidada a desfilar.

Portela: alívio após erros na Avenida

Um drama à parte viveu a Portela. A escola que levou à Avenida a celebração de seu centenário sofreu no desfile com problemas nos carros alegóricos, que causaram ao menos dois grandes buracos em frente às cabines de jurados. Antes da apuração, muito se falou sobre a possibilidade de uma tragédia que seria o rebaixamento da azul e branco. Quando os envelopes foram finalmente abertos, a escola acabou se salvando.

Antes da leitura das notas, Fábio Pavão, presidente da escola, dizia estar confiante na permanência no Grupo Especial. Mas reconhecia os erros no desfile, e dizia que apuraria todas as responsabilidades, principalmente com relação ao acidente envolvendo o terceiro carro, que abriu um dos buracos na pista. Sobre a peruca da porta-bandeira Lucinha Nobre, que caiu durante sua apresentação, disse que não foi culpa dela, e classificou o problema de pontual, mas também quer entender o que aconteceu:

— Vamos mudar onde errou, mas é preciso entender o que aconteceu — disse.

Fonte: Mais Goiás

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